Cardel 2001

Ardeu no início de Julho de 2001. Já ardera em 1996 embora nesta altura não atingisse a parte de pinhal na zona alta virada a nordeste.
Ardeu totalmente desta vez.
Retirei toda a madeira de eucalipto até Outubro e limpei todo o vale. A parte de pinhal ainda estou a retirar e a limpar. Toda esta lenha foi cortada e armazenada para uso doméstico.
Vou eliminar os novos rebentos de eucalipto impedindo a sua regeneração.
Os pinheiros que nascerem espontâneamente vou deixá-los crescer.
No vale vou colocar 70 castanheiros de madeira e certificados pelos Viveiros de Castromil : 500$00 cada ( 2.5 Euro).
Nas orlas ou fronteiras vamos fazer um reforço dos marcos limite e plantar aí árvores de sombra e que contrariem o avanço dos incêndios : Platanos e carvalhos.
Pelo meio metem-se arbustos ou árvores menores : loureiros, medronheiros, espinheiros.
Nas zonas altas vou meter nogueiras pretas ( junglans nigra ) que tenho em viveiro com 2 anos.
Também vamos transplantar pequenos carvalhos para esta zona .
Nos anos seguintes o mato deve ser controlado, assim como o crescimento das árvores fazendo as substituições que forem necessárias Deve controlar-se radicalmente as zonas de fronteira para eliminar fogos daqui a quatro anos.

Estes foram apontamentos tirados nessa altura. Hoje passei por lá, depois de meses sem vontade de lá voltar e verificar o efeito devastador do grande incêndio de Agosto de 2006 em Aguiar de Sousa.

Desta feita já não há regeneração de pinheiros, só de eucaliptos resultantes das sementes lançadas dos eucaliptais anexos. Nada a fazer, senão tentar adivinhar quando será o próximo incêndio. Mais ano, menos ano, já surge assim como acontecimento inevitável. De nada adiantou ter o mato cortado no ano anterior, e feito o controlo de infestantes.

Lagarta do medronheiro.

Ingrid Betancourt

Nunca a sua libertação esteve tão próxima. O injusto cativeiro que as FARC lhe estão a impor poderá estar perto de um desenlace feliz. Quando em 2002 ela foi para a luta pela Presidência da Colômbia, via nela uma líder capaz de acabar com uma sociedade corrupta, ir ao encontro dos guerrilheiros, fazer a paz naquele país, melhorar as condições de educação, de saúde e económicas daquele povo, e finalmente promover condições para acabar com a dependência da cultura da folha de coca. Tudo isto com os EUA bem longe. As FARC logo se encarregaram de em poucos dias confirmar que se tratava de uma utopia, e apesar de avisada ela resolveu ir ao encontro da Colômbia profunda. Oxalá regresse este Natal.

Foi uma semana de loucos em termos profissionais.

Agora a perspectiva de dias em casa com a família deixa-me feliz.

É tempo de estar com as pequenas na azáfama do Natal.

Como habitualmente a noite de Natal, terá teatro, canções, muita animação e no final algumas prendas.

É apenas uma coincidência, mas uma semana depois e estivemos novamente no lançamento de um livro. Desta feita uma bela história infantil.

A Goreti surpreendeu-nos. Todos sabiam do seu amor, dedicação e profissionalismo com as crianças, nomeadamente as que têm necessidades educativas especiais. O que quase ninguém sabia, era da sua capacidade para a escrita criativa.

Foi-lhe reconhecido todo o mérito ao ser convidada pela Papiro Editora para a edição deste livro.

Parabéns.

"Uma Estrela Diferente" de Goreti Pinho. Pode ser encontrada, pelo menos, na Bertrand do DolceVita junto ao Estádio do Dragão.

Mais de uma dúzia de anos volvidos sobre a sua morte, foi ontem lançado o primeiro livro de recolha da obra poética de Benardino Nogueira. Para uma pequena aldeia, como Recarei, ver as lindas poesias de um seu filho genuíno agora publicadas é motivo de grande orgulho. O "Tio Dino" escreveu coisas admiraveis, sobre a sua alma e o seu íntimo. Tenho uma pena enorme de ver que sofreu, não foi feliz no amor, e por isso não gostava da sua vida. Teve o dom gratificante da poesia. Muitos gostariam de se libertar da dor mas não têm arte para se expressar.

Estão de parabéns os que trabalharam para que esta obra fosse editada. Estou certo de que o sucesso fará com que continuem a trabalhar, e não demorará a termos mais divulgação da obra deste escritor.

Em jeito de manso adejo
Quando a noite abria mais
Recarei nasceu de um beijo
Que o luar deu nos trigais

Mais lavadas, douradinhas,
As estrelas lá do céu,
Vieram ser as madrinhas
De Recarei que nasceu.

Gente de amor e de brio…
Talvez por esta razão,
Recarei tem o feitio
Dum enorme coração.

Porque hoje estive a folhear Carl Sagan com a minha filha Mariana, nada como uma imagem para recordar que não estamos sós e ainda sabemos tão pouco.

Tomei atenção ao nome Rui Rio, quanto há alguns anos atrás, li uma entrevista ao JN deste profissional da política, opondo-se à lei que viria a limitar a velocidade nas auto-estradas, e apresentando o seu caso pessoal:

- aqui a minha importante pessoa, distinto deputado da nação, com um bom carro, muito mais seguro a 180 Km/h que muitos a 90, e que preciso a bem do país viajar amiúde entre o Porto e Lisboa, não devo estar sujeito a semelhante contratempo."

Pois caro Presidente da C.M. do Porto, para mim ficou marcado, e a figura triste por que fez passar a nossa querida cidade, na noite em que se festejava em todo mundo a chegada do ano 2000, já não foi surpresa.

Agora que mudou de ideias, e acha bem todos os limitadores de velocidade, e festas do tipo "quanto mais foguetes melhor", e "se tiver corridas então fica o máximo", também eu mudo de ideias se o que se fizer for bem feito.

Neste caso, a animação da baixa para o Natal de 2007 admito que é um caso de sucesso, pela quantidade de cidadãos que nesta altura por lá tem estado, invertendo a tendência de abandono e cidade morta dos últimos anos.

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Até parece nevoeiro, mas é o fumo das fogueiras, hoje em Recarei.

Acontece todos os dias, embora seja mais intenso ao fim de semana.

Também não é só aqui, é prática comum por todo o Portugal.

Ninguém parece saber o significado da palavra compostagem, e fazer fogueiras surge como espécie de inevitabilidade após umas horas de trabalho de campo.

No mínimo, é falta de civismo, más práticas agrícolas, iliteracia, começo de alguns incêndios, contributo para o aumento do efeito de estufa.

XDR - TB

Tuberculose Extensivamente Resistente.

Já existem 20 casos em Portugal. Para esta variante não existem antibióticos.

Não é para ser pessimista, mas para contrariar a segunda lei da termodinámica é preciso muito esforço e muita energia. O caminho para o caos aparentemente é muito mais simples. De repente parece que várias frentes trilham caminhos que vão confluir inevitavelmente em algo que do nosso ponto de vista não será muito tolerável.

Carpa Europeia - Carpinus betulus

Esta bela árvore, sempre a conheci naquele recanto de Recarei perto do rio, no caminho para o Atoleiro. No Domingo passei por lá e fiquei triste. Tinha desaparecido. Não conheço outra por aqui, nem nas proximidades. Ficam as fotos recolhidas em Agosto de 2003.

Na semana passada o Presidente da França, disse na presença de Al Gore e do Presidente da Comissão Europeia:

"A Europa deve introduzir taxas nos produtos provenientes de países que não cumpram o Protocolo de Quioto.

Deve reduzir-se o IVA nos produtos ecológicos ou ambientalmente sustentáveis.

Deve aumentar-se os impostos na razão do seu consumo de combustiveis fósseis.

Em contrapartida deve tributar-se menos o trabalho.

A França vai estimular o transporte ferroviário e marítimo, colocando o transporte viário e aéreo como recurso."

Vai precisar de muita força Sr. Sarcosy. Sabemos que os tempos são outros. Mas lembremo-nos que há 20 e mesmo 30 anos, vozes têm defendido essas medidas, sobretudo de pessoas das organizações ambientais. Foram sempre chutadas para canto: - Fundamentalistas !!!

Tokamak - Projecto ITER

A possibilidade de obter energia limpa e a uma escala planetária existe. Vamos acreditar que este projecto em que participam quase todos os países vai ser a chave. Falta saber se virá a tempo.

Na Wilkipédia:

A tokamak is a machine producing a toroidal (doughnut-shaped) magnetic field for confining a plasma. It is one of several types of magnetic confinement devices and the leading candidate for producing fusion energy.
The term Tokamak is a transliteration of the Russian word Токамак which itself is an acronym made from the Russian words: "тороидальная камера в магнитных катушках" (toroidal'naya kamera v magnitnykh katushkakh) — toroidal chamber in magnetic coils (Tochamac)). It was invented in the 1950s by Soviet physicists Igor Yevgenyevich Tamm and Andrei Sakharov (who were in turn inspired by an original idea of Oleg Lavrentyev)

Ainda ontem comentava com o Emídio, enquanto prosseguíamos com mais duas horas de eucalipticídio, como ainda estava grande o risco de incêndio. Hoje ficamos a saber pelo telejornal que ardeu no Gerês mais uma área significativa.

Em ano "normal", aquela zona já deveria estar bem húmida e nada disto era suposto acontecer.

Até podemos brincar e afirmar que se trata de um incêndio ilegal, porque a época dos fogos oficialmente já terminou.

Este "Saltote" com 5 cm visitou-nos dentro de casa.

É claro que é sempre benvindo. Mas a 20 de Outubro!

Sr. Václav Klaus, presidente da Républica Checa, diz o senhor que as Alterações Climáticas são um mito! Só que incidentes como este são dificeis de explicar à luz da mitologia. Até pode ter outra explicação, mas a soma de tantos incidentes no mesmo sentido, transformam o mito em realidade. Esperávamos mais de si quando o sabemos como uma pessoa de valores.

Poucos foram os paraísos de Recarei que sobreviveram à inclemência das chamas de 2005.

Os vales frescos junto a ribeiros escaparam. Sobretudo os que se constituiam de carvalhos, amieiros, salgueiros e outras folhosas típicas da floresta temperada.

Acácias, mimosas, austrálias...

Hoje o Jornal de Notícias traz um artigo com o título de: "Vespa australiana pode ajudar a reduzir invasão das acácias".

Por muito respeito que tenhamos pelas biólogas em causa e pelo seu estudo, a história do nosso planeta está repleta de erros deste género: para combater um problema introduz-se outro maior. A própria Austrália de onde são oriundas as Acácias que nos invadem, e as pretensas vespas milagrosas possuem problemas que se encadearam com sucessivas introduções ao longo do tempo, na sua curta história desde a chegada dos ocidentais. Dou um exemplo: As longas pradarias convidaram a introduzir inúmeras cabeças de gado bovino. Só que os excrementos das vacas não se decompunham, porque na Austrália não havia insectos indispensáveis a este processo. Resolveram introduzir uma mosca que iria resolver o problema. A mosca adaptou-se bem demais. Agora nas praias ninguém aguenta as moscas. Além do protector solar é necessário não esquecer do repelente de insectos.

Moínho, Rio Sousa, Recarei.

Vestígios da primeira vaga, citando A. Toffler.

Há quatro anos, em Aguiar de Sousa ainda encontrei em laboração as quatro mós do moínho do Sr. Hermenegildo na margem esquerda do rio. O que mais me tocou neste reencontro foi o cheiro característico do moínho. A força da água em baixo a bater nas pás de madeira fazendo girar o eixo, enquanto a mó de granito vai moendo os grãos de milho que vão caindo na sua vez. Vieram-me à memória os moínhos que conheci há muito tempo atrás: o que está na foto, o de Areias e o do Pousão.

O milho ainda se cultiva intensamente no Norte de Portugal. Os processos de transformação é que se alteraram.

Campo de milho tradicional na margem do Rio Sousa em Recarei.

O Rancho Folclórico de Recarei, canta as alegres noites das desfolhadas, com os seus namoricos e amores.

Por quanto tempo mais teremos estes pequenos nichos como o da fotografia?

É que os campos mais nobres dos férteis vales de Recarei já soam a falsa tradição e a falsa natureza: os trangénicos estão aí, perante a indiferença geral.

Já não via o Manel há mais de um ano.
Ele era uma pessoa que se apresentava sempre com um sorriso nos lábios, e sem nunca maldizer a sua vida. Ao ver-me hoje disse-me irradiando felicidade: - Fui transplantado há quatro meses. Ando bem, foi como se tivesse renascido!
Ainda mantém o aspecto doente marcado por anos de sofrimento e inferior qualidade de vida a que os seus rins inuteis o condenaram. Parece que terminaram os dias e dias sem fim de hospital e hemodiálise. Fiquei muito contente por ele.

Mesmo que de seguida as coisas se compliquem, o que me disse foi que estes quatro meses já valeram tudo.

Desde logo concluí que a generalidade das pessoas deveria andar feliz e contente por ser saudável, e deixei de ter dúvidas quanto à necessidade de se doarem orgãos.

Já há alguns anos que não vou dar sangue... também isto serviu para lembrar que devo encontrar tempo para isso.

Uma casa típica de lavoura com mais de 100 anos recuperada pelo meu cunhado, e para viver lá.

Com tempo, paciência e bom gosto, foi no que deu: qualidade de vida.

Agora que já lá vivem é só desfrutar. Aliás a vista sobre Recarei é muito bonita. Mostro por agora a foto da sala de estar. Um destes dias apresento a cozinha. É de arrasar.

Por ainda não estar a dormir lembro que hoje disseram:

- Que seja abolida a pena de morte em todo o mundo - José Sócrates na ONU representando a União Europeia.

- No Irão não há disso - Disse em Nova Iorque o presidente do Irão referindo-se aos homossexuais, perante estudantes universitários.

- Já e com audácia, ou não haverá tempo - Disse Al Gore para os dirigentes mundiais sobre a necessidade de combater o aquecimento global.

- O povo americano está escandalizado com o que se passa em Myanmar - Disse Busch em conferência de imprensa, tentando imaginar no mapa onde diabo fica aquilo!

Continua o trabalho utópico de lutar contra os eucaliptos.

O Zé Manel deu-me uma ajuda, serviu de companhia, e a ele só lhe fez bem.

Foram mais duas horas no sábado. Aumentou a área limpa de forma encorajadora.

Muro de lousa.

Recarei era de lousa. Não consigo encontrar fotos que demonstrem imagens esbatidas que tenho da meninice. A Portela e o Outeiro, estavam ao nível de Piodão ou Talasnal.

Dessa altura, também me recordo de homens que ficavam doentes e morriam precocemente por trabalharem nas minas de ardósia de Campo.

Setembro.

Pena não ter tempo para desfrutar este mês magnífico.

Até o céu que nos últimos anos por esta altura se tem apresentado com tonalidades que testemunham abundância de incêndios... este ano está lindo. E os carvalhos, as nogueiras, e outras árvores estão carregadas de fruto.

Se tiver tempo (sempre esta dúvida depressiva) espero apanhar muitas bolotas e espalhá-las por onde vão escasseando.

Começou de novo a escola.

Muito dificil gerir o tempo e as tarefas.

Este ano são três escolas diferentes para cada uma delas.

Um desafio à organização da família.

Acima de tudo vai faltar tempo, e sobrar cansaço. Esperamos ter sempre a motivação e alegria necessárias para ultrapassar tudo isto.

E a saúde também! A força da minha companheira será também a minha!

Ontem fomos postos fora da cozinha.

Cozinharam as três, e estava tudo muito bom.

Arrancar eucaliptos.

Hoje foram mais duas horas de trabalho. É uma luta desigual!

Já se pode ver uma pequena área livre de eucaliptos.

Ao fundo a Serra do Castinçal. Os castanheiros perderam-se no tempo e deram lugar aos eucaliptos.

A toponímia como novo tipo de fóssil!

helix_nebulosa

Douro - Património Mundial

Novas áreas de vinha a nascer. Os socalcos agora estão simplificados. São rasgados com maquinaria pesada. Desapareceram os muros de lousa que tanto trabalho deram a gerações de Durienses. Ofereceram-nos assim de bandeja a paisagem humana casada na perfeição com a natural. Parece ser consensual que não se pode deitar tudo a perder, mas...

Roupas, bonés, sapatos, chinelos, brinquedos, filmes infantis...

Hoje foi preciso ganhar espaço para novas etapas que se avizinham, e daí arrumações que não mais acabam.

Acho que exageramos um pouco (muito será mais adequado). A sociedade de consumo está presente nas nossas vidas e é tão apelativa que acabamos por ser arrastados pela onda.

Ter três filhas não significou passar as coisas de umas para as outras. Significou multiplicar por três a frase com que iniciei este "post".

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Começou o "Caos Emergente".

Não produz o som que gostaria de ouvir entrar pela janela aberta nas noites quentes de Verão.

Mas mesmo nos dias sem festival de "metal pesado" o som da noite não é agradável. Não tem ritmo, é descontinuado e agreste. A passagem contínua de veículos motorizados, que só diminui a sério lá para a uma da manhã e recomeça às 6h, é muito pior que o som dos "Benediction ou dos Mataratos", por uma simples razão: o Festival são apenas 3 dias e o transito nunca pára.

Desta mesma casa, quando eu era adolescente, à noite, conseguia ouvir outros sons. O trânsito era residual, pelo que no Inverno se ouvia perfeitamente o barulho das águas do Sousa, a apoteose das rãs nos dias longos, mais os ralos e grilos interrompidos pelo piar de rapinas nocturnas.

Agora são estes sons que são residuais!

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A Mariana recomeçou os treinos de Andebol para iniciar nova época. A tarefa vai ser dura, com o 10º ano a começar também, e numa nova Escola.

Pelo carinho que lhe temos, devemos estar atentos aos sinais...

Também ela vai sentir falta de tempo para fazer tudo o que gosta, dormir incluído.

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Disse-me há pouco ao telefone a Beatriz a partir de um local escuro próximo de S. João da Pesqueira: - Estamos aqui a olhar para o céu. Não imaginas as estrelas que se vêem!

Há pouco tempo, antes da luz artificial, a relação com o céu era muito maior. As cidades não têm céu nocturno, o que é uma pena...

Quem sabe daqui a pouco, para as pessoas, céu estrelado signifique "Google Sky"?

- Pai estou doente. Anda-me buscar - Disse a Carolina.
Ontem tinha ido com a Beatriz para S.João da Pesqueira passar a última semana de férias com a Tia Célia. Suspeitámos que eram saudades. Afinal ainda é a nossa "pequenita".

Levei a Guida comigo, e às 20h já tínhamos chegado. Ainda deu para fazer uma rápida incursão pelos arredores. Ficamos com apetite de voltar com tempo e passar uns dias. Num curto espaço de tempo vimos uma perdiz, uma lebre, uma raposa e ainda jantámos uma comida saborosa.

No regresso deu para parar, apagar as luzes e observar a Via Láctea. É grandioso o céu longe das cidades.

Espantoso o que ouvi numa espécie de reunião alargada sobre a constituição de uma ZIF (Zona de Intervenção Florestal): - Depois pode-se negociar às organizações de eventos como as corridas de carros na Boavista, ou a RedBull Air Race, subsidios para plantar árvores na ZIF, e as corridas passam a ser anunciadas como corridas de "Carbono Zero".

Lembra-me assim do tipo: os americanos tranformaram a invasão do Iraque numa "Guerra Zero". Acabaram por causar 600.000 mortos, mas tomaram medidas compensatórias, distribuindo Viagra às toneladas, por exemplo no Bangla Desh.

Mãe!


Agora que passou mais um aniversário, relembro uma vida com tudo o que ela trouxe.
Um beijo terno.
E este pequeno recorte de Jornal do Rio de Janeiro com quase 80 anos.

Alforrecas

Ishmael - Daniel Queen

Há 700 milhões de anos no topo da vida no planeta Terra. Com propriedade afirmavam no livro citado: - este mundo foi feito para nós!!!

Estas, foram fotografadas no oceanário por outro ser : aqui o "Je". O mundo foi feito para o homem, criado por Deus há sua imagem.

Daqui a 700milhões de anos ...... Quem nos terá prisioneiros para exibição? aonde e como?

Inacreditável, o mundo foi feito para outros ... muito mais parecidos com Deus!

Fogos na Grécia

O colapso Grego perante os incêndios e a abordagem política que se tem seguido só mostra que as mensagens que o planeta nos envia insistentemente continuam a não ser compreendidas. Lá como cá procuram-se os maus da fita, esses incendiários e seus obscuros interesses. O fundo da questão, ou seja as alterações climáticas e o planeta doente são os últimos a ser lembrados. Entretanto o fenómeno vai-se alastrando aos países que ciclicamente vão estando com as condições propícias para o fogo. Portugal este ano esteve fora, o clima deu-nos uma trégua.

Ontem aproveitando umas nuvens que atenuavam o calor do sol, entretive-me a arrancar os pequenos eucaliptos que nasceram após o incêndio de há uma ano atrás. É uma tarefa difícil. Alguns já têm um tamanho e enraizamento capazes de dar luta. Arranquei alguns milhares, até as mãos e as costas me começarem a doer, o que equivale a dizer que a tarefa durou duas horas.

Aguiar de Sousa - Ortofoto CNIG descarregada em 2002.

A marca dos incêndios está visível. Antes destes fogos já tinha ardido em Agosto de 1995 durante uma semana consecutiva. As marcas nesta foto são de 2001. Em 2006 os incêndios de Aguiar de Sousa abriram telejornais e cobriram o Porto de fumo.

Em Recarei mesmo ao lado, no ano anterior, aconteceu o mesmo, levando a zona oriental da cidade do Porto a ficar coberto de fuligem.

Um ano passado estão milhões de eucaliptos nascidos com cerca de meio metro. No máximo dentro de 4 anos todo este combustível estará pronto a arder de novo. A biomassa e o clima articulam-se na perfeição para construir paisagens marcianas.

Recarei, em Março de 2007.

Ainda é possível o regresso ao passado no que ele tem de cativante.

A arquitectura de lousa está em todos os locais de Portugal onde existe naturalmente. Nesta zona ainda permanece nos socalcos, nas divisões de terrenos, nas casas, e nas paredes que ladeiam os rios e ribeiros.

Captar um momento, fixá-lo no tempo e dizer que foi há 9 anos!

A tecnologia a provar que a memória biológica está correcta, e que as nossas recordações fazem sentido.

Ajuda a viver, recordar momentos felizes, e pugnar para que o presente também seja recordado com saudade, algures num futuro que inevitavelmente vai acontecer, só não sabemos em que coordenadas espaciais.

A Beatriz não perdeu tempo e mal acabou o seu jogo das regionais de andebol entre escolas, enviou-me uma mensagem:
"já ganhamos um jogo por 19_13 bjis"
É a primeira vez que anda nisto. Só de ver o seu entuiasmo fiquei feliz. Vai ficar fora, sem a nossa presença, pela primeira vez. Amanhã tem mais jogos.
Tem a companhia da Mariana, que já não é a primeira vez que anda nestas coisas. Andebol e MegaSprint por duas vezes dão muito traquejo. Nem consigo estar preocupado. E outra boa notícia: já passa da hora de largar o trabalho. O fim de semana promete ser curto, e não dar para fazer tudo o que desejo. De imediato vou para a Baixa. Tenho a minha companheira e filha mais nova por lá. Depois decidimos o que fazer. Uma coisa é certa: não vamos aparecer às outras em S. João da Madeira, pelo que sentir-se-ão completamente independentes. Claro que a excepção será o telefone!

Amanhã a Carolina faz nove anos. Incrível para ela. Vem fazendo contagem decrescente há muitos dias. Num ápice para mim voaram estes anos todos. Mas acho que os dela estão bem completos, e foram sempre momentos felizes. A Carolina é uma menina fantástica. Desde bebé que percebeu que é muito melhor rir do que chorar. Que é muito melhor conviver e perceber os outros, do que pisar todos para chegar à frente. Tem tudo para merecer ser feliz.

A Cavada do Lombo da Gaia ardeu em Agosto de 2006. Tal como já havia sucedido em 1998. A diferença entre estes incêndios é que o primeiro teve uma circunscrição naquela área. Porém o do verão passado, foi um testemunho das alterações climáticas. Praticamente ardeu toda a área florestal de Aguiar de Sousa, durante quase 15 dias sem controle, apesar de a dada altura estarem bombeiros de quase todo o país, e meios aéreos com fartura.

Após o incêndio de 1998 ficou por arder uma parcela da cavada ocupada poor pinheiros de grande porte. O incêndio veio de sul, propagou-se pelos eucaliptais anexos e chegou à nossa cavada onde se atenuou por ter o mato rasteiro. Mesmo assim a maior parte ardeu. Na área ardida foram abatidos os pinheiros. Arancou-se todos os pequenos pés de eucalipto que despontaram após o incêndio. De seguida plantaram-se pequenas árvores que tinha em viveiro. Foram cedros a toda a volta, e no meio plantaram-se pequenos carvalhos, castanheiros, áceres e até 4 araucárias produzidas a partir de sementes obtidas no cemitério de Recarei.

Neste incêndio ardeu tudo, isto é todo o trabalho anterior desapareceu. Cortarm-se os pinheiros ardidos. Para já ficaram num canto alguns pinheiros que tem o topo da copa verde, para ver se sobrevivem. Os pinheiros cortados por mim foram trazidos para aproveitamento como lenha combustível.

Estão por limpar centenas de pinheiros com cerca de 2 a 3 metros de altura correspondentes a 8 o 9 anos de vida. Estão já a nascer centenas de pés de eucalipto.
Também nas zonas de melhor solo já despontaram fetos e carqueija.

Apresento a quem não conhece a fantástica lagarta do medronheiro. Vive exclusivamente nesta planta e vai dar origem a uma bela mariposa. Desafio a tentarem descobri-las na natureza. Não se admirem de elas estarem ali mesmo debaixo do olho, e mesmo assim não a descortinarem.

Lodeiro – Aguiar de Sousa

Na década de 80 já as nossas Associações de defesa do ambiente tinham como uma das frentes de batalha lutar contra o avanço de espécies infestantes. Na altura ainda não se falava em trangénicos, mas a principal ameaça provinha da eucaliptização do país. As indústrias de celulose desenvolviam sucessivas castas de eucaliptos e a expansão desta monocultura avançava por todo o lado. Ainda me lembro bem da carga brutal da GNR montada em cavalos, sobre os voluntários da Quercus que tentavam impedir a eucaliptização da serra da Aboboreira.
Estas infestantes, eucaliptos e acácias, mesmo sem as plantações das celuloses, progridem facilmente. Dir-se-ia que renascem das cinzas. Os incêndios que se multiplicaram em Portugal ajudaram à exterminação das outras espécies ficando apenas as infestantes. É o caso típico do sul do concelho de Paredes, nas zonas florestais de Aguiar de Sousa, Recarei e Sobreira, e que se prolongam pelos concelhos vizinhos de Valongo, Gondomar e Penafiel.
Face a isto, a título pessoal, resolvi encetar uma luta contra as infestantes. Os meus pais tinham várias propriedades florestais que herdaram em Aguiar de Sousa. Uma delas, que apelidamos de Lodeiro, fica encravada entre a estrada nacional 322-2 e o Rio Sousa, num local próximo da Senhora do Salto. É muito íngreme e termina num extenso lameiro, que outrora eram campos de cultivo de linho e de milho.
Resolvi fazer a intervenção neste local porque era muito bonito, ficava na margem do rio, e estava abandonado.
O local estava quase impenetrável pela densidade de mimosas. Algumas tinham troncos enormes. Pelo meio das mimosas encontravam-se eucaliptos. Em algumas áreas surgiam algumas espécies de arbustos autoctones, bem como alguns e carvalhos. A margem do rio tinha salgueiros e amieiros. Na parte de cima junto a um muro de suporte da estrada estavam enormes quantidades de lixo deixado por pessoas que o levavam em carros e depois o atiravam para ali, tranformando aquilo numa lixeira igual a milhares de outras que os portugueses foram criando por todo o Portugal.
Este era o cenário em 1986.
Começei por abater todas as mimosas. A lenha resultante foi para cavacos. Todo o resto de detritos florestais ficou acumulado numa zona que escolhi e ao fim destes anos todos está tranformada em solo.
De seguida foram abatidos todos os eucaliptos após venda dos mesmos a um negociante de madeira.
Os lameiros junto ao rio estavam cobertos por um silvado enorme. As silvas foram cortadas manualmente, e empilhadas no mesmo local onde estavam os outros restos florestais. Curiosidade: enquanto eu e o meu pai íamos cortando as silvas dois ou três piscos de peito ruivo acompanhavam-nos de perto esgravatando a terra que ia ficando livre de silvas.
De seguida foram plantados nestes campos choupos, plátanos e áceres. Também foram feitas nestes campos plantações de carvalhos cujo objectivo era serem posteriormente transplantados para o monte anexo. Este monte anexo sobe até à estrada, e tinha ficado deserto com o abate das infestantes.

(continua)

Atoleiro - Recarei - Rio Sousa

Foi aqui que aprendi a nadar. Já lá vão 40 anos. Esta imagem foi captada em 2001, a escassos 20 Km do Porto.

Nostalgia.

Creio que perdem muito os miudos de agora por não poderem desfrutar deste rio limpo.

Serra de Baltar

Esta é uma serra que não existe de verdade.

Contudo os de Recarei, no seu olhar para norte, deparam-se no horizonte com esta montanha.

Conheceram-na verde de dia, e escura como o bréu durante a noite.

Esta imagem já só está no imaginário. Primeiro foi a auto-estrada que colocou de dia um risco no verde, e de noite luzes a evoluir de um lado para o outro.

Os incêndios transformaram o verde intenso numa paisagem árida, ou a espaços com verde eucalipto.

Recentemente bem no alto do monte surgiram luzes fortes. A zona industrial de Baltar chegou aquele ponto.

A paisagem já se perdeu. Temo que de seguida se percam os nascentes de água que abastecem Recarei, e que estão um pouco abaixo.

Quando não temos tempo, não estamos aptos a viver os dias de hoje.

Não sei é fácil aos jovens perceber o mundo em que estão a crescer.

Quando se atravessam décadas de acelaração louca, temos uma percepção e frustração enorme com a falta de tempo.

A minha infancia e adolescência foi vivida devagar. Hoje sou empurrado permanentemente para um ritmo alucinante.

Este blog é apenas mais uma tentativa de desacelerar. Enquanto escrevo estas linhas diminuo a velocidade com que o tempo passa por mim correndo desenfreadamente para dentro do futuro e transformando-o em passado ... efémero, volátil, .... a maior parte já nem fica registado na minha memória, pertence a máquinas, discos, ram .